sexta-feira, 25 de novembro de 2011

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Quando teus olhos de novo se abriram vi um nada dentro de mim que não sei!
Escureceu a testa de tanta falta nas lembranças. É estranho não te querer. Acostumei-me ao contrario em tanto tempo que imaginar não ter isso é me projetar para tão longe do ser. Agora acredito viver o passado daquilo que jamais quis deixar escapar das mãos.
Ao partir dizendo não voltar te vi em tantas lágrimas cantando exílios de amor como ultima súplica compartilhada, mas foste, por sua conta, andaste até onde eu não pude mais te ver. Eis eu, agora,  não com os mesmo tons de coral, mas em um solo perturbado pronunciando baixo os versos que cantei, quando alimentado por teu silêncio. Esperei, como prometera, te chorei em noites inteiras. Tu foste a inspiração para a vida poética mais linda que criei, como personagem ideal de minhas óperas, porém nesse teu despertar pareço confrontar-me com a realidade de forças que se cruzam na tua vida, nos teus passos verdadeiros.
É com estranheza que sondo teus olhos à procura dos desenhos que esculpi nas noites, tudo está envelhecido, apagado. Decepciono-me ao engolir que o tanto amado era exatamente minha criação. Àquilo que respirei nos roteiros destas datas todas comemoradas a sós. Vejo em mim largos espaços que seriam evitados na tua ausência. Desse amor me sobrou o medo de dizer que ele acabou.